CRÍTICA “1917” – GENIAL EM TODOS OS DETALHES! [CRÍTICA]

“Imagine não haver Paraíso!”

                                         John Lennon.

 

Por: Ricardo Árcoli.

 

Os horrores da guerra já foram mostrados inúmeras vezes no cinema. Tivemos diversas perspectivas e experiências neste gênero, que mesmo espremido como um bagaço de laranja, sempre traz algo que mexe com nossos sentimentos. 1917 conseguiu ir além do lugar comum ao nos colocar no campo de batalha de uma forma quase que documental e crua, nesta verdadeira obra prima do caos!

A trama acompanha dois soldados britânicos, Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman) que recebem uma ordem dificílima de cumprir, para não dizer impossível – Atravessar o território inimigo, lutando contra o tempo, para entregar uma mensagem que pode salvar 1600 homens de uma emboscada alemã.

Olha, este filme tem acertos tão grandes, que fica até difícil escolher por onde começar a pontuá-los, mas vamos lá! Primeiramente por ser direto e reto, logo nos primeiros minutos, a sensação é a de que uma câmera foi entregue em nossas mãos para documentarmos tudo, com a ordem expressa de não perder um detalhe sequer. Realmente me senti fazendo parte de tudo aquilo sem duvidar nem por um segundo, daquela verdade fabricada e tão convincente.

A partir daí, acompanhamos Schofield e Blake em um cenário de exaustão e morte, que naquela altura, já era coisa comum e contrastava com o ambiente. Vimos cavalos, cachorros e seres humanos entulhando rios, ornando cercas de arame farpado nos cumes de morros e se fundindo à lama como calçamento em um ballet de podridão e um silencio quebrado apenas pelo chiado estridente dos ratos fuçando os cadáveres. Isto é claro, antes das bombas, tiros e quedas de aviões, nos presentearem com sua contribuição sonoramente desastrosa.

Enquanto narrava esta poética provocativa, o filme acontecia em seus detalhes maravilhosos, como a técnica ilusória de um plano contínuo, divididos em dois planos sequência com transições tão sutis, que nos fizeram acreditar que 1917 teve apenas um grito de “Ação” durante as quase duas horas de projeção. Tudo isto foi possível apenas pelo esforço árduo do elenco (que ensaiou durante cinco meses e que gravou cada sequência entre 20 a 50 vezes para que tudo desse certo) e da direção magistral de Sam Mendes, que balanceou história e ficção em uma riqueza de detalhes impressionantes, já que parte do que vimos, foram relatos de seu avô, Alfred Mendes, que esteve na primeira grande guerra.

  (O diretor Sam Mendes dando orientações no set)

 

Temos em 1917, todos os elementos presentes em um filme de guerra, como explosões, tiros, gritaria e um estado de confusão característico e sufocante, porém e definitivamente, não é um filme de guerra, mas sim, sobre um homem e o que pode impulsioná-lo a querer seguir adiante: a vontade de regressar ao lar, o senso de responsabilidade com a pátria ou a lealdade para com um amigo e uma promessa feita ao mesmo? Temos então uma jornada repleta de emoção, com seus altos e baixos e somos presenteados com uma experiência imersiva e muito intensa, que deixa o drama sempre no ápice e nos conduz sem resistência.

Se vocês ainda não viram 1917, não percam a oportunidade de também serem testemunhas deste, que com certeza, tem tudo para levar a estatueta de melhor filme!

NOTA: 9,5

Assista ao trailer:

Link para baixar o filme:

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