CRÍTICA TORRENTS : O IRLANDÊS [CRÍTICA]

“Eu ouvi dizer que você pinta casas”

Por: Ricardo Árcoli

O “IRLANDÊS” é o que eu costumo chamar de uma aula de cinema em todos os sentidos. O filme conta a história de Frank Sheeran (Robert De Niro), um veterano de guerra cheio de condecorações que concilia a vida de caminhoneiro com a de assassino de aluguel número um da máfia. Promovido a líder sindical, ele torna-se o principal suspeito quando o mais famoso ex-presidente da associação desaparece misteriosamente.

O IRLANDÊS vale cada segundo de tela e, meus amigos, nada é cansativo, pelo menos para mim não foi. O filme é excelente e desafiador. Primeiro por nos brindar com um elenco espetacular que conta com a trinca da sorte: De Niro, Pacino e Pesci, sinceridade, observar estes três em cena com liberdade total nos diálogos, não tem preço. A regência de Martin Scorcese prova que no auge de seus 77 anos, o maestro não perdeu o ritmo. Scorcese não nos traz uma simples história de máfia – tema que já estamos acostumados – aqui, a abordagem é diferente, sendo um verdadeiro estudo de personagem muito mais intimista ao acompanhar a vida dos protagonistas, o que nos aproxima da trama, agregando valor e sentimento a cada um deles. É impecável tecnicamente, a fotografia é maravilhosa e o figurino, reproduzido com fidelidade, enche nossos olhos com a nostalgia boa que traz. O roteiro(excelente) fica à cargo de Steven Zaillian que conseguiu cadenciar a história de maneira eficiente e assertiva. O CGI pecou em certas partes, mas não estragou a experiência em absoluto, pois eu preferi ver o próprio De Niro e companhia Ltda rejuvenescidos com este recurso, a vê-los sendo interpretados por outros atores, ponto super positivo da produção! A trilha sonora é belíssima e cria uma conexão pontual com o espectador, preparando o terreno para a ação, drama e até alívios cômicos. O Irlandês é um filme sobre máfia, mas também retrata fatos importantes da história e a melancolia que aborda a ascensão ao declínio de um personagem da máfia, no fim tomada por arrependimentos e solidão. Filme excepcional!